segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O AMOR PLATÔNICO DE PLATÃO E O CONTEMPORÂNEO


O amor platônico deve o seu nome a Platão (350 a.C.), filósofo grego da Antiguidade. No ideal de Platão, ele seria um amor essencialmente puro, que não se fundamenta em um interesse, mas na virtude, e é desprovido de paixões, que segundo ele são cegas, materiais, efêmeras e falsas. O termo “platônico” foi utilizado em sua obra “O Banquete” no século IV a.C. onde o filósofo discorre sobre as diferentes maneiras de entender e praticar o amor.
Na estrutura narrativa, O Banquete lembra o Cântico dos Cânticos: a obra é montada em diálogos,  debates intelectuais em torno de um jantar regado a vinho. Entre os convivas, Platão coloca duas das figuras mais célebres da Grécia antiga: seu mestre Sócrates e o dramaturgo Aristófanes, o rei da comédia helênica. O tema da noitada é justamente o amor – ou melhor, eros, o desejo sexual, que a mitologia grega representava como uma divindade matreira, o tempo todo flechando o coração da moçada (não precisa nem lembrar que o coração flechado permanece até hoje o símbolo dos apaixonados).
 Aristófanes recorre justamente à mitologia para explicar o impulso amoroso. Segundo ele, o ser humano era inicialmente um andrógino de duas cabeças, quatro pernas e quatro braços. Temendo que seu poder ameaçasse os deuses, Zeus dividira essa estranha criatura em duas – e desde então carregamos a sensação de estarmos sempre incompletos, desejando a união com outro. Sócrates, que descartava os mitos como mera superstição, obviamente rejeita a versão de Aristófanes e a discussão progride na direção do conceito original de amor platônico
 “Eros é uma divindade, uma força divina que intervém na vida humana, mas que precisa ser orientada pela inteligência. O desejo se manifesta primeiro como amor por um corpo bonito, mas evolui para o amor por belas atividades e ocupações. O que é digno de ser amado? Essa é a questão que Platão coloca, como responsabilidade do ser humano, para dar ascensão intelectual e espiritual à força de Eros".
Hoje o significado mais comum da palavra não tem relação com a definição de Platão. O amor platônico é conhecido como um amor impossível ou um amor não correspondido. Ele é entendido como um amor à distância, que não tem aproximação e nem toque, e é perfeito, sem defeitos, repleto de fantasias e idealizações.
Muitas pessoas começam um amor platônico, involuntariamente, devido a sua personalidade. É comum que esse tipo de amor apareça na adolescência ou com jovens adultos, principalmente com pessoas mais tímidas, introvertidas, com baixa autoestima, que vivem mais isoladas e que sentem dificuldade em aproximar-se de quem amam. O amor platônico, baseado no impossível, costuma colocar o ser amado em uma posição inatingível. Na origem deste comportamento estão a insegurança, imaturidade e inibição emocional.
O amor platônico também pode ocorrer pelo medo de sofrer. Como ele dificilmente se realizará, é bem mais fácil para algumas pessoas lidar com ele do que com os possíveis desapontamentos e tristezas inerentes à uma relação real.
A relação do amor idealizado não é, necessariamente, ruim, desde que se saiba racionalmente que o que se julga ter não existe, afinal a pessoa idealizada, na maioria das vezes, desconhece dos sentimentos que a pessoa nutre por ela. Quando a idealização de um amor se torna um problema e traz sofrimento, a melhor alternativa é procurar a psicoterapia.
Veja abaixo alguns sintomas de amor platônico:
  • Os pensamentos de tornam obsessivos e tudo o que vê lembra a pessoa. 
  • Sempre há um quê de impossível na relação, a pessoa é de outra escola, mora em outra cidade, vocês só se viram um vez ou ela é famosa. 
  • Se conhece a pessoa não tem coragem de se aproximar de e tem medo de descobrir que ela não é nada daquilo que cultiva em seu pensamento. 
  • Sem conseguir uma aproximação, é normal que desencane rapidamente desse amor e ele simplesmente passe com a mesma velocidade e sem explicações como quando chegou

2 comentários:

  1. "O amor é uma força, uma energia, que se manifesta
    Na alma como um sentimento de lembrança de algo
    Que a alma já teve, mas perdeu".

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  2. "É pelo amor que o homem se realiza plenamente"

    Platão

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