sexta-feira, 28 de novembro de 2014

DEUS EM JEAN-PAUL SARTRE


Sartre, acerca da condição humana perpassa toda a sua obra, e se resume no fato de o homem ser um Deus fracassado, pois projeta-se na realização de uma síntese impossível. Desta forma, a recusa de Deus, ainda que pouco evidente, está presente em todo seu pensamento.
É importante novamente ressaltar que o homem só descobre o peso de sua liberdade quando, de fato, elimina Deus de seus horizontes. Apesar de o homem, psicologicamente, representar o desejo de realizar-se enquanto Deus, ou seja, consciência e plenitude, acreditar na existência de Deus não deixa de ser um exercício de liberdade, de escolha da própria ação do homem.
Partindo do pressuposto de que o homem contemporâneo vive mais em função da ciência e da técnica do que propriamente da religião, Sartre também vê no significado da crença em Deus um certo anacronismo, a sobrevivência de uma noção já ultrapassada:
O ateísmo de Sartre lembra a filosofia de Feuerbach, o qual afirma que não é Deus que cria o homem, mas o homem quem cria Deus (Feuerbach (1804-1872) com a polêmica de sua filosofia, buscou em toda sua trajetória demonstrar que a religião era simplesmente um fato humano, criação do homem a partir da consciência que ele tinha de si mesmo. Sua obra mais importante, A Essência do Cristianismo, reflete seu desejo em transformar a teologia e a religião em uma verdadeira antropologia). A fé religiosa representa assim as próprias qualidades e aspirações do homem que, ao se sentir fracassado, aliena-se e constrói uma divindade superior. No esforço de Feuerbach, Sartre pretende desenvolver um pensamento puramente humano, que explique o próprio ser do homem em sua relação concreta com a humanidade.
Sartre não quer matar Deus, pois a morte, em extensão, deixa resquícios da presença de quem morreu na consciência das pessoas. O que Sartre pretende com seu ateísmo é suprimir Deus simplesmente, retirar do mundo todos os obstáculos transcendentes que impedem o exercício do homem em ser livre, fundamentar na vida humana uma real antropologia, onde a Transcendência e a teologia se transformariam em descoberta do humano. Suprimir Deus é situar o homem como pura subjetividade, liberdade, responsabilidade.

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