terça-feira, 28 de outubro de 2014

A FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO

                   A filosofia de Santo Agostinho  


A filosofia de Santo Agostinho

Aurelius Augustinus, que passaria para a história como Santo Agostinho, nasceu em 354, em Tagaste (hoje na Argélia), sob o domínio romano. Embora sua mãe fosse cristã, Agostinho não se interessou por religião quando jovem. Sentia-se atraído pela filosofia romana. Antes dos 20 anos já tinha um filho, de uma relação não formalizada. Em pouco tempo, abriu uma escola na sua cidade natal. Tornou-se professor de retórica, lecionando depois em Cartago, Roma e Milão. Nesta cidade, tomou contato com o neoplatonismo e, aos 32 anos, converteu-se ao cristianismo. De volta a Tagaste, decidido a observar a castidade e a austeridade, vendeu as propriedades que herdara dos pais e fundou uma comunidade monástica, onde pretendia se isolar. Mas, sem que planejasse, foi nomeado sacerdote da igreja de Hipona, função que manteve até a morte, em 430.  Uma das maiores personalidades da história universal, Santo Agostinho foi um grande retórico, um grande filósofo e um grande santo da Igreja. Sua obra, ao mesmo tempo vasta e profunda, exerceu e exerce muita influência em toda a cultura ocidental. Suas obras principais são Confissões, Cidade de Deus e Da Trindade. Para falarmos da noção de tempo em Santo Agostinho, utilizaremos o livro XI das Confissões. Neste, destaca-se a conhecida análise filosófica sobre o tempo como próprio das impressões do sujeito. Santo Agostinho (1987) diz ser muito difícil discorrer sobre o tempo e o desenvolve como subjetivo, isto é, como a maneira (humana) de se relacionar com as coisas que passaram, passam e passarão.O homem, criado por Deus a sua imagem e semelhança, foi conduzido à morte e ao tempo por força do pecado, que significou uma ruptura com Deus. Porém, por Cristo - que é o cordeiro de Deus que deu sua vida para livrar o homem do pecado – pode restabelecer a ligação com Deus e fazer de sua vida no tempo uma preparação para a vida eterna.O ponto de partida das Confissões de Santo Agostinho é a questão da necessidade ou não de confessar a Deus o que ele já conhece, pois sabe a ocorrência das coisas antes mesmo que aconteçam. Deus, por ser eterno, está fora do tempo e é o criador do próprio tempo. Para ele não existe antes ou depois. A filosofia agostiniana é uma constante busca da verdade, que culmina na Verdade, em Cristo. É um movimento incessante, uma paixão, e, precisamente, a paixão principal: o amor. “Amor meus, pondus meum”, o amor é o peso que dá sentido à minha vida. Verdade e Amor.“Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti”, diz nas Confissões.Essa “passionalidade” da filosofia agostiniana não é em nenhum momento irracionalismo ou voluntarismo. Se incita a ter fé para entender, também anima a entender para crer melhor. Nada nos pode fazer duvidar da possibilidade de chegar à verdade. Nada valem os argumentos céticos. Si fallor, sum: se me engano, é uma prova de que sou, diz, antecipando-se, num contexto muito diferente, a Descartes. E com mais clareza: “Sabes que pensas? Sei. Ergo verum est cogitare te, logo é verdade que pensas”.
A verdade está no interior do homem. “Não queiras sair para fora; é no interior do homem que habita a verdade”. E há verdades constantes, inalteráveis, para sempre. Dois mais dois serão sempre quatro. Santo Agostinho tenta esclarecer de onde pode vir essa verdade. Não das sensações, diz, porque essas são e não são, são mutáveis, efêmeras. Tampouco do espírito humano, que, por profundo que seja, é limitado. Essas verdades eternas só podem ter por autor Aquele que é eterno: Deus. São reflexos da verdade eterna, que nos ilumina e nos permite ver. Nisso consiste o que depois ficou conhecido como “doutrina da iluminação”; porém, desde já é preciso dizer que Santo Agostinho não a apresenta nunca como uma “teoria”, mas como uma comprovação. Já no final da sua vida, diz nas Retractationes que o homem tem em si, enquanto é capaz, “a luz da razão eterna, na qual vê as verdades imutáveis”. O ser humano tem pensamento autônomo e acesso à verdade eterna, mas depende, para isso, de iluminação divina. Se o bem vem de Deus, o mal se origina da ausência do bem e só pode ser atribuído ao homem, por conduzir erroneamente as próprias vontades. Se o fizesse de modo correto, chegaria à iluminação. A ausência do bem se deve também a uma quase irresistível inclinação do ser humano para o pecado ao fazer prevalecer os impulsos do corpo, e não a alma.
Como em Platão, conhecer verdadeiramente é estar em contato com o mundo inteligível. Porém, Santo Agostinho nunca dirá que vemos as verdades em Deus, mas que participamos da luz da razão eterna. Não se deve ignorar, por outro lado, que essa solução para o tema do conhecimento corre o risco de não distinguir de forma adequada o conhecimento natural do conhecimento sobrenatural. Mas essa é uma questão que só será levantada mais tarde, na Idade Média, na qual ficou conhecida como neoplatonismo, escola de pensamento hegemônica .

Frases:

"Não se deve esperar da criança inteligência nem aspirar a ela. O mais importante é a consciência, a disciplina".

"Não se aprende pelas palavras, que repercutem exteriormente, mas pela verdade, que ensina interiormente"

Nenhum comentário:

Postar um comentário